segunda-feira, 21 de abril de 2014

FASES DA HISTÓRIA POLÍTICA E SOCIAL DE ATENAS



   ATENAS :

Atenas foi chamada Αθήναι (Athénai), em homenagem à deusa grega Atena, atualmente é a capital da Grécia.

SITUAÇÃO GEOGRÁFICA:
   Situada na Ática apresenta uma paisagem diversificada dividida em:

a       a)      Pédium: regiões das planícies férteis;
         b)      Diácria: regiões das montanhas áridas ;
         c)       Parália: regiões litorâneas;

OCUPAÇÃO:
   Iniciada pelos Aqueus, seguida posteriormente por Eólios e principalmente por Jônios, que fundam a cidade de Atenas.

ORGANIZAÇÃO POLÍTICA E SOCIAL:

1ª FASE: 
Monarquia -> Basileu

    Sua base política inicial é a Monarquia: cujo poder estava na mão do Basileu, termo que significa Magistrado ou rei.

2ª FASE:    
Aristocracia -> Arcontado
   
 A Aristocracia = (“Bem-nascidos”) tomam o poder do Basileu =(magistrado-rei) que foi substituído pelo Arcontado.
     Em 1050 a. C. em Atenas o posto de rei havia se reduzido a de um magistrado principal (arconte), hereditário por toda vida. Em 753 a. C. se havia convertido em um arcontado eleito por dez anos; e finalmente, em 683 a. C. passou a ser um cargo elegido anualmente. Em cada etapa ganhava mais poder a aristocracia em sua totalidade e se reduzia o poder do individuo comum. O arcontado era composto por nove arcontes com mandatos anuais. Se dividiam em:

                    a)      Arconte Polemarco: com poder militar e de julgar os estrangeiros;
                    b)      Arconte Epônimo: representante do poder religioso;
                    c)       Arconte Thesmothetas: eram em número de seis e representavam o poder judiciário sobre os thetas e georgóis;

    Foi criado um conselho de eupátridas = Areópago, com a função de regular as ações dos arcontes. Através da instituição desse conselho o domínio dos eupátridas ( grandes proprietários de terras) foi fortalecido, o que configura a base do domínio Oligárquico ou seja “governo de poucos”.

   Nessa fase, gerado pela escassez de terras produtivas e por causa da centralização das terras nas mãos dos eupátridas  a “segunda diáspora grega” (séc  VIII.VII e VI a.C), formando colônias gregas na Itália(Magna Grécia), em torno do Mar Negro(Ponto Euxino) e na Ásia Menor, o que promove o enriquecimento dos demiurgos = comerciantes.

 3ª FASE:

Oligarquia
 
  
  Nessa fase a estrutura social provocou o confronto de interesses e disputas sociais que marca o período arcaico de Atenas. Os diversos grupos da sociedade ateniense passam a ter disputas socioeconômicas e políticas. 
 
   Dessa estrutura originam os grupos com interesses políticos que passam a disputar o poder:
a)      Pediano -> Conservadores = Oligarquias. Composta pelos Eupádridas.
b)      Paraliano -> Moderados = Comerciantes. Composta pelos Demiurgos.
c)       Diacriano -> Radicais = Endividados. Composta por Thetas e Georgóis.

4ª FASE:  
 
Legisladores -> Reformadores (621 a.C a 560 a.C)

  

     O contexto que origina esse período se baseia na -> luta entre as  classes sociais, a -> instabilidade e o ->crescimento da polis e principalmente no processo de -> desenvolvimento do comércio.  Esse contexto permite o surgimento de Legisladores = homens que passaram a exercer poder e fazer leis escritas para reger a ordem social e moral.

 
   Para organizar o sistema administrativo e tentar conter as disputas sociais entre os grupos (classes) Sólon criou:
a)      BULÉ ->  Conselho dos Quatrocentos, onde participavam 100 representantes de cada uma das quatro tribos em que estava dividida a Ática.
b)      ECLÉSIA -> Assembléia Popular, que tinha a função de aprovar ou não as medidas estabelecidas pela Bulé.
c)       HELIEU -> Tribunal de Justiça, que era aberto para todos os cidadãos.

   Essas reformas não foram do agrado da aristocracia que perdem seus privilégios oligárquicos, e também não agradaram plenamente o povo que esperava reformas mais radicais e profundas, gerando um ambiente de grandes conturbações políticas.

5ª FASE: 

TIRANIA OU DITADORES (561 a.C a 510 a.C)


 ORIGEM DO TERMO:

   Palavra grega "tírannos" , que significa líder ilegítimo , ou seja, teria sido instituído de forma ilegal. Foi uma forma de governo usada em situações excepcionais na Grécia, surgindo em  alternância  à democracia. Nela o chefe (líder,governador), governava com poder ilimitado, embora sem perder de vista que deveria representar a vontade do povo. Assim sendo alguns tiranos gregos atuaram de forma positiva e contribuíram para o progresso de algumas cidades. A evolução da conotação negativa do termo deu-se devido aos tiranos que abusaram do poder.

A TIRANIA NA GRÉCIA: 

     Perry Anderson historiador inglês afirma que na grecia antiga todos os tiranos eram pessoas lideradas por outras pessoas. Na obra Passagens da Antiguidade ao Feudalismo, os tiranos ascenderam ao poder na Grécia no último século da era arcaica - o século VI a.C. Estes autocratas romperam a dominação das aristocracias ancestrais sobre as cidades: eles representavam proprietários de terra mais novos e riqueza mais recente, acumulada durante o crescimento econômico da época precedente( legisladores). Essas tiranias irão constituir a transição crucial para a polis clássica. Os tiranos eram a classe de novos ricos, que acumularam grandes riquezas a partir do florescimento do comércio marítimo na zona do Mediterrâneo. Esses comerciantes não pertenciam à nobreza, (de terra = eupátridas) até então detentora do poder, e ansiavam por mudanças para também participarem das decisões políticas. Segundo as palavras de Perry Anderson: Os próprios tiranos em geral eram novos ricos competitivos de considerável fortuna, cujo poder pessoal simbolizava o acesso do grupo social onde eram recrutados às honras e posição na cidade(polis). Sua vitória, no entanto, só era possível geralmente por causa da utilização que faziam dos ressentimentos radiciais dos pobres, e seu mais duradouro empreendimento foram as reformas econômicas, no interesse das classes populares, que tinham de admitir ou tolerar para garantirem o poder. Os tiranos, em conflito com a nobreza tradicional, na realidade bloquearam o monopólio da propriedade agrária, que era a principal tendência de seu poder irrestrito e que estava ameaçando causar um crescente perigo social na Grécia arcaica.

MARCA REGISTRADA DA TIRANIA: 

   Para Aristóteles e Platão, "a marca da tirania é a ilegalidade", ou seja, "a violação das leis e regras pré-estipuladas pela quebra da legitimidade do poder", o que por si, já determina a tirania. Uma vez no comando, "… o tirano revoga a legislação em vigor, sobrepondo-a com regras estabelecidas de acordo com as conveniências para a sua perpetuação no poder".

OS PRINCIPAIS TIRANOS:

           a)      Psistrato: 
->  Procurou conter as disputas sociais;
->  Patrocinou obras públicas;
->  Gerou emprego para os thetas e georgóis;
           b)   Hiparco: filho de Psistrato  segue parcialmente o modelo do pai;
           c)       Hípias: irmão de Hiparco não da seguimento as reformas do pai e perde apoio popular
   
6ª FASE:  
DEMOCRACIA: Governo do povo (510 a.C)

   Implantada através de uma revolta liderada por Clístenes (Denominado Pai da democracia), que derruba os tiranos e reorganiza as estruturas de poder através de reformas de caráter sociopolíticas:

->  Divisão de Atenas em dez tribos; neutraliza assim a influência dos eupátridas.
->  Elimina o papel político direto de genos, tribos e fratrias;
                           -> A Bulé passa a contar com quinhentos membros 50 por tribo, que se revezavam no governo da Pólis.
-> O Arcontado passou a ter 10 membros, sendo um eleito de cada tribo; 
-> A Eclésia passou a ter 6 mil cidadãos de todas as classes e teve seu poder de decisão ampliado fiscalizando a atuação dos demais órgãos públicos e votando as propostas da bule. Também votava o ostracismo = exílio por um período de dez anos para todos que pusessem em perigo a democracia ateniense.
->  Os Estrategos espécie de chefes de governo. Eram responsáveis por fazer executar as propostas aprovadas pela Eclésia, nos períodos de paz. Em tempos de guerra eram responsáveis pelo comando dos exércitos e dos serviços relacionados às ações militares.

   O princípio da igualdade ou da isonomia ( iso= igual + nomos = lei + ia) provavelmente tenha sido utilizado em Atenas, na Grécia antiga, cerca de 508 a.C. por Clístenes, o pai da democracia ateniense.Nos dias atuais caracteriza o princípio jurídico que afirma que "todos são iguais perante a lei", independentemente da riqueza ou prestígio destes.

   O período de ouro das práticas democráticas em Atenas foi durante o governo de Péricles ( 499 – 429 a.C).

   No sistema político da Atenas Clássica, por exemplo, a cidadania democrática abrangia apenas homens, filhos de pai e mãe atenienses, livres e maiores de 21 anos,(e geralmente que pudessem prestar serviço militar) enquanto estrangeiros (metecos) , escravos e mulheres eram grupos excluídos da participação política. Em praticamente todos os governos democráticos em toda a história antiga e moderna, a cidadania democrática valia apenas para uma elite de pessoas. Somente na Idade contemporânea o “sufrágio universal” garantiu o direito de todos.

CARACTERÍSTICAS NEGATIVAS DA DEMOCRACIA ATENIENSE:

->  ELITISTA: somente uma minoria tinha direitos participativos, restrita aos cidadãos;
-> PATRIARCAL: somente os homens podiam participar, excluía as mulheres;
-> ESCRAVISTA: os escravos eram a base produtiva que sustentavam a riqueza dos senhores; mas não participavam do sistema político.
-> EXCLUDENTE: mulheres, crianças e escravos não podiam participar do sistema, bem como era vetado a participação dos estrangeiros (metecos) ao sistema.

Fontes para organização dos conceitos.
è Anderson, Perry. Passagens da antiguidade ao feudalismo. 5ª Ed. São Paulo. Ed Brasiliense, 1994
è Cotrim, Gilberto. História Global: Brasil e Geral. São Paulo. Saraiva; 2012
è Vicentino, Claudino. História Geral. São Paulo. Ed Scipione; 1997
è Pesquisa de léxico e origens semânticas : http://es.wikipedia.org