segunda-feira, 23 de agosto de 2010

REVOLUÇÃO FRANCESA - ESQUEMA REVISIONAL

Revolução Francesa – Século XVIII (1789)                         
Sua Significação:

          =====>  Destruição do Absolutismo e do Feudalismo na França.
          =====> Construção de uma Nova Ordem Política, Econômica e Social, baseada no Capitalismo e 
                         no Poder da Burguesia.

                                   Antecedentes da França Revolucionária (Antigo Regime)

                                                      • Sistema Político = Absolutismo Monárquico
                                                      • Sistema Econômico = Feudalismo + Mercantilismo
                                                      • Sociedade = Estamental + Nobiliarquia

                                                           Causas da Revolução Francesa

• Contradições entre as atividades Capitalistas em crescimento e a permanência de relações Feudais de produção, que impedia uma maior expansão da economia e desenvolvimento da Burguesia.

• Excessiva intervenção do Estado em assuntos de ordem econômica, com práticas mercantilistas restritivas, impedindo o avanço do liberalismo econômico.

• Aumento da divida pública do país, agravado por extravagantes gastos reais e por guerras constantes e desastrosas, como a Guerra dos Sete Anos (1756-63) e a Guerra de Independência das Treze Colônias, ambas contra a Inglaterra.

• Excessiva cobrança de impostos sobre o Terceiro Estado: às vésperas da Revolução os camponeses pagavam cerca de 80% de suas rendas em impostos.

• Contato com Ideais Revolucionários, seja pela Revolução Americana de 1776, seja pelo próprio florescimento de ideais do Iluminismo.

• Profunda insatisfação das massas populares por causa da miséria: em 1788-1789 os trabalhadores urbanos utilizavam 88% de seus salários apenas para adquirir o pão, alimento básico na França.

ANALISE O FRAGMENTO DE TEXTO E CARACTERIZE  A SITUAÇÃO DA POPULAÇÃO NO PERÍODO DA REVOLUÇÃO
Cerca de oito meses antes do início do processo revolucionário, o historiador Jacques Sole identificou a situação geral da população mais pobre da França:
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“Mal nutrida, empobrecida, descontente com os direitos e impostos que tinha de pagar, a população francesa achava-se em estado de sublevação constante. Pensava, sobretudo, como de hábito, em controlar a circulação dos cereais e fixar o preço do pão. Motins em panificações e celeiros estouravam por todo o país, antes de aparecerem em Paris.”
___________________________________________________________________________________
AÇÕES PARA OS PROBLEMAS ECONÔMICOS  

           Com a situação social e econômica insustentável e sem recursos para continuar funcionando, o   Estado Francês, através de Luís XVI, toma medidas para conter o rombo econômico. Turgot, Necker e Calonne, ministros das Finanças de Luís XVI, aconselhavam duas medidas para resolver o problema:

                                         o Aumento da cobrança de Impostos.


                                         o Retirada de parte dos privilégios do Clero e da Nobreza, que, a partir de
                                            então, também deveriam ajudar a financiar o Estado e arcar com parte da
                                            carga tributária.

           ========>     Tais medidas criaram um impasse:

=====>   De um lado, o Clero e a Nobreza não tinham qualquer disposição de abrir mão dos seus privilégios, mesmo que o tesouro real não dispusesse de recursos e já tivesse praticamente esgotado todas as opções de obtê-los.

=====>  Por outro, os diferentes setores da burguesia, os trabalhadores urbanos e camponeses que compunham o Terceiro Estado, não pretendiam arcar com mais tributos sem que a estrutura do Estado Francês fosse alterada, garantindo-lhes os meios institucionais para a efetiva participação nas decisões políticas.


Diante dessas dificuldades que inviabilizavam qualquer solução tomada pela corte, Luís XVI, após muita hesitação:
  • convocou os Estados Gerais em julho de 1788 –  uma assembléia que reunia representantes dos três Estados, cuja última reunião ocorrera em 1614.
Seu objetivo era discutir a situação da economia nacional e selar um amplo acordo que resolvesse os problemas financeiros e as crises da França.

A REVOLUÇÃO E SUAS FASES

FASE 1:    Os Estados Gerais (1789)
+++++>• Eleição dos deputados representantes de cada Estado entre julho de 1788 até maio de 1789.
+++++>• Clero e Nobreza lutam pela manutenção de seus privilégios e contra as propostas
                 transformadoras da Burguesia.
+++++>• O Terceiro Estado reivindica mudanças na estrutura política e econômica do Antigo Regime, na
                 tentativa de adquirir direitos políticos e transformações nas estruturas econômicas.

Reunião dos Estados Gerais em 5 de maio de 1789.

                     • Tensa disputa política entre nobreza, clero e burguesia.
                     • Impasse sobre deliberações:

  •  Voto por Estado – como era comum na Assembléia dos Estados Gerais, as decisões seriam tomadas por Estado, tendo cada um apenas um voto. Dessa forma, o Terceiro Estado sempre seria voto vencido, uma que o Clero e a Nobreza tentariam proteger seus privilégios, todas as decisões teriam o mesmo resultado: 2 votos (Clero e Nobreza) contra 1 (Terceiro Estado).
  • Voto por cabeça – Os burgueses reivindicavam que a bancada do Terceiro Estado tivesse o maior número de membros, já que quase a totalidade da população francesa pertencia àquele estamento social. Certo de que os votos se dariam por Estado e não por meio de votos individuais dos representantes, Luis XVI cedeu às pressões da burguesia e permitiu que fossem eleitos 610 deputados para compor a bancada do Terceiro Estado.

• Única forma do Terceiro Estado alcançar a vitória nas votações das propostas de seus interesses seria alterar a forma de votação, que deveria ser tomada por cabeça e não por estamento social.

• Todavia, o Primeiro Estado (Clero) e SegundoEstado (Nobreza), não aceitavam de forma alguma a mudança no velho modelo de votação.

• O impasse leva o Terceiro Estado a recusar a votação dos Estados Gerais e a se proclamarem em Assembléia Nacional.

ATENÇÃO! Leia o texto de Sieyès, político e eclesiasta francês à época da revolução, e veja como o mesmo fundamenta o deslocamento da soberania do Rei para o povo:

Que é o Terceiro Estado?

“Que é o Terceiro Estado? Tudo. Que tem sido até agora na ordem política? Nada. Que deseja? Vir a ser alguma coisa… O Terceiro Estado forma em todos os setores os dezenove/vinte avos, com a diferença de que ele é encarregado de tudo o que existe de verdadeiramente penoso, de todos os trabalhos que a ordem privilegiada se recusa a cumprir. Os lugares lucrativos e honoríficos são ocupados pelos membros da ordem privilegiada… Quem, portanto, ousaria dizer que o Terceiro Estado não tem em si tudo o que é necessário para formar uma nação completa? Ele é o homem forte e robusto que tem um dos braços ainda acorrentado. Se suprimíssemos a ordem privilegiada, a nação não seria algo de menos e sim alguma coisa mais. Assim, que é o Terceiro Estado? Tudo, mas um tudo livre e florescente. Nada pode caminhar sem ele, tudo iria infinitamente melhor sem os outros… Uma espécie de confraternidade faz com que os nobres dêem preferência a si mesmos para tudo, em relação ao resto da nação. A usurpação é completa, eles verdadeiramente reinam… É a Corte que tem reinado e não o monarca. É a Corte que faz e desfaz, convoca e demite os ministros, cria e distribui lugares, etc. Também o povo acostumou-se a separar nos seus murmúrios o monarca dos impulsionadores do poder. Ele sempre encarou o rei como um homem tão enganado e de tal maneira indefeso em meio a uma Corte ativa e todo-poderosa, que jamais pensou em culpá-lo de todo o mal que se faz em seu nome.” (SIEYÈS. Que é o Terceiro Estado? 1789)

FASE 2:    Monarquia Constitucional (1789-1792)

 Formação da Assembléia Nacional Constituinte em 9 de julho (1789-1791)

====> Caracterizada pela conciliação entre os interesses da alta burguesia e da nobreza progressista (togada).

OBJETIVOS :

                         o Limitar o poder monárquico.
                         o Excluir as massas populares da participação política. (O voto censitário)
                         o Instalar um Estado segundo os princípios do liberalismo. (liberdade econômica e defesa
                            da propriedade privada)

PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS

                      o Tentativa de Reação da Nobreza e da Corte contra a Assembléia Nacional.
                      o Levante em Paris e tomada da Bastilha, em 14 de julho de 1789.
                      o O “Grande Medo” – camponeses invadem castelos da nobreza feudal e executam famílias
                          inteiras.

====>   Principais medidas da Assembléia Nacional Constituinte

              o Abolição dos direitos feudais, mas com indenização dos senhores.
              o Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão (26 de agosto de 1789).
              o Promulgação da Constituição de 1791, onde a França passava a ser uma Monarquia
                 Constitucional.

=====>  Principais Problemas

                    o Agravamento da Crise Econômica.
                    o Possibilidade de uma contra-revolução aristocrática interna e ameaça estrangeira (estimulada
                       pelo próprio rei e pela nobreza emigrada).
                    o Insatisfação como o critério censitário da Constituição, que dividiria os cidadãos em ativos
                      (com renda e, portanto, com direitos políticos) e passivos (sem renda e, portanto, sem 
                       direitos políticos).

                                                                  IMPORTANTE!

• Este é um dos momentos decisivos da revolução, pois se realiza a mudança de soberania, que deixa de se identificar com a pessoa do rei e passa a residir na representação da nação, no povo.

• Importante também é a abolição dos direitos feudais e o fortalecimento de uma ordem burguesa e capitalista de produção, onde as diferenças sociais passam a ser justificadas pela propriedade, não mais pelo nascimento.

• Essa parte da revolução é essencialmente: individualista, liberal e antinobiliária (contra a nobreza).

FASE 3:             Convenção Nacional – República (1792-1795)

                                        Aumento das Crises (Os Fatos)

====> Possibilidade de Contra-Revolução (interna e externa)
  • Nobreza Emigrada + Luis XVI = tentativa de restaurar o Absolutismo e esmagar a Revolução.
  • Rei tenta fugir (junho/1791), com a família real, disfarçados de camponeses. São presos em Varennes pela Assembléia Nacional, mas recebem o perdão.
  • França declara guerra à Áustria e à Prússia (recusa de garantias de soberania ao estado revolucionário francês).
  • Luis XVI e Maria Antonieta passam a fornecer para os espiões inimigos todas as informações estratégicas sobre os exércitos franceses
  • Ocorre duras derrotas da Guarda Nacional devido à sabotagem dos generais (defensores da antiga ordem)
  • Ultimato do General prussiano Brunswick, que exigia o fim da resistência revolucionária e a garantia da integridade física da família real.
ISSO CULMINA COM:
                        • 9 de agosto de 1792 – Guarda Nacional + levante popular = invasão do palácio de
                          Tulherias e prisão da família real.

        CONSEQUÊNCIAS:
======> Apartir de 22 de setembro de 1792

  • Abolição da Monarquia Constitucional
  • Proclamação da República
  • A Assembléia Nacional passa a se chamar Convenção
  • A Convenção passa a ser eleita por voto universal masculino (todos os homens podem votar independente de sua renda)
=====>  Apartir de 21 de janeiro de 1793
  • Família Real Francesa é guilhotinada
TENSÕES DOS GRUPOS POLÍTICOS NA CONVENÇÃO (lembrem-se que esses grupos políticos também identificam grupos sociais)

======>  Dois Grupos disputavam entre si o controle da nova República Francesa:

GIRONDINOS

                     ----> Grupo mais moderado
                     ----> Representantes de setores DA NOBREZA e da  BURGUESIA mais enriquecidos
                     ----> Defensores da Monarquia Constitucional
                     ----> Contra a Execução de Luis XVI
                     ----> A favor do voto censitário (baseado na renda)
              
JACOBINOS(MONTANHESES)
                                ----> Grupo mais Radical
                                ----> Representantes da pequena burguesia e dos sans-cullotes (trabalhadores
                                        da cidade e grupos marginalizados)
                                ----> Defensores da República Democrática (com direitos ampliados)
                                ----> A favor da Execução de Luis XVI sem julgamento
                                ----> Contra o voto censitário, a favor do voto universal masculin
 República Girondina (setembro de 1792-junho de 1793) = ´período onde os Girondinos governam

Características:

          • Incapazes de suprir as necessidades do país
          • Inseguros na condução da Guerra com as forças reacionárias absolutistas
          • Incapazes de conter a especulação financeira e os altos preços dos alimentos
          • São derrubados pelos Jacobinos e os sans-cullotes

República Jacobina (2 de junho de 1793-27 de julho de 1794)= período governado pelos Jacobinos
Características:

  • Aprofunda e radicaliza o processo revolucionário
  • Criação do Tribunal Revolucionário (Comitê de Salvação Pública)
  • Instauração de uma Nova Constituição (1793), que estabelece:  
        ====> Abolição da Escravidão nas colônias
        ====> Obrigatoriedade do ensino público e gratuito
        ====> A Lei do Máximo (tabelando os preços dos salários e alimentos)
        ====> Confisco os bens da nobreza emigrada (Reforma Agrária)
        ====> Fim das indenizações dos camponeses aos antigos senhores
        ====> Organização de um Exército Revolucionário Popular (que liquida a ameaça
                    estrangeira)
        ====> Voto Universal Masculino

PERÍODO DO TERROR  – Medidas revolucionárias jacobinas são sustentadas através da execução em massa dos contra-revolucionários, entre eles:

                                           o Girondinos contra-revolucionários
                                               o Nobreza emigrada e defensores do Antigo Regime
                                                  o Açambarcadores (aproveitadores e especuladores)

Tais ações foram conduzidas em grande parte por Maximilien Robespierre, líder dos jacobinos na Convenção e Chefe do Comitê de Salvação Pública.

COMO TERMINA ESSA FASE DE GOVERNO JACOBINO:
=======>   27 de julho de 1794 (9 de Termidor) – Reação Termidoriana = alta burguesia, amedrontada com a crescente radicalização do processo revolucionário e com os excessos do terror, põe fim à experiência democrático-igualitária dos Jacobinos. Robespierre e seus partidários são executados.

ATENÇÃO! Leia abaixo o texto do filósofo Slavoj Zizek e sua leitura do período do terror da Revolução Francesa (República Jacobina):

                                 Virtude e Terror                                      

“Alguns tentam retirar da Revolução Francesa o seu caráter fundador da democracia moderna, tratando-a como uma anomalia (um evento absurdo) da história: houve uma necessidade histórica de afirmar os princípios modernos da liberdade pessoal, mas, como prova o exemplo inglês (a Revolução Gloriosa), isso talvez pudesse ser conseguido de modo muito mais efetivo por uma forma mais pacífica. Entretanto, para os radicais, se você diz A – igualdade, liberdades e direitos humanos –, não devemos fugir de suas conseqüências, mas é preciso reunir coragem para dizer B – o terror realmente precisou defender e afirmar A.” (Slavoj Zikek. Robespierre: virtude e terror. Rio de Janeiro: Ed. Jorge Zahar, 2008.)

                                                  IMPORTANTE!

A República Jacobina é a fase da ampliação de direitos e a mais democrática da revolução, entretanto tal fase teve que ser sustentada pelo uso do Terror.

A reação termidoriana representa o momento de contenção da fase radical da revolução os Girondinos retomam o poder e instauram o Diretório.

ANALISE  O SEGUINTE ESQUEMA

REVOLUÇÃO INGLESA - ESQUEMA REVISIONAL ( 2º Ano)

Para voce ter uma melhor compreensão dos elementos e fatos que compõem a Revolução Inglesa, voce deverá organizar em seu caderno com base em nosso livro texto ( as paginas já foram apontadas em aula) um esquema de termos(vocabulário conceitual) dos elementos apresentados nesses esquemas abaixo.
No livro texto Dar atenção especial para:
a) A situação das religiões e os grupos sociais ligados a elas.
b) a divisão social com os grupos que os compõem.
d) os agrupamentos políticos que se organizam e seus interesses.

ESQUEMA 1 -      RESUMO ESQUEMÁTICO DA REVOLUÇÃO INGLESA

Observe que esse esquema confere com  o trabalho apresentado por voces em aula. Lembrem-se de identificar  em seu caderno item por item.

ESQUEMA 2         PROCESSO DE ORIGEM DAS DINASTIAS INGLESAS

                                      ORGANIZE ESSE PROCESSO EM SEU CADERNO

ESQUEMA 3                                          A DINASTIA TUDOR


ORGANIZE EM SEU CADERNO O PAPEL DE CADA UM DESSES GOVERNANTES DA FAMÍLIA TUDOR

ESQUEMA 4                                      A DINASTIA STUART


ORGANIZE EM SEU CADERNO O PAPEL DE CADA UM DESSES GOVERNANTES DA FAMÍLIA STUART

ESQUEMA 5                                       OLIVER CROMWELL
                                                                   

ORGANIZE  SOBRE O PERÍODO DE GOVERNO DE OLIVER CROMWELL E DÊ DESTAQUE AO ATOS DE NAVEGAÇÃO.

REVOLUÇÃO CUBANA + IMPERIALISMO DOS EUA NA AMÉRICA LATINA

REVOLUÇÃO CUBANA (com revisão do imperialismo norte americanista)
                    (Material para o 3 ano do Ensino Médio)

                 Nunca podré morirme, mi corazón no lo tengo aqui,
                 Allí me está esperando, me está aguardando que vuelva allí.
                 Cuando salí de Cuba, dejé mi vida, dejé mi amor,
                 Cuando salí de Cuba, dejé enterrado mi corazón.

          Primeira estrofe de “Cuando salí de Cuba”, magistral obra do compositor e cantor argentino Luis Maria Aguilera, conhecido como Luís Aguilé. Esta emocionante canção logo se tornou um hino nacional de fato para todos os exilados cubanos...

          Isso faz desse movimento uma contradição onde existem os que aplaudem e os que vaiam. Mas, concordando ou discordando da Revolução, ela foi e será um dos grandes marcos do século XX na luta contra o imperialismo. E a dominação, não só do sistema capitalista, mas contra o domínio e exploração de uma Nação mais poderosa, contra uma Nação menos poderosa.

          Antes da revolução cubana de 1959, com o aval de uma emenda constitucional chamada Emenda Platt, os americanos entravam e saíam da ilha quando bem entendiam, controlavam as empresas produtoras de frutas e cana-de-açúcar e se esbaldavam durante o dia nas praias e à noite nos cassinos. Do jeito que as coisas iam, era de se esperar que Cuba se tornasse o 51º estado norte-americano (o país tem 50 estados mais o distrito de Colúmbia) – caso Fidel e seu exército de guerrilheiros não tivessem tomado o poder em 1º de janeiro de 1959.

================>      VAMOS VER OS PONTOS BÁSICOS !!!

          Antes da revolução, Cuba era um paraíso para os ricos - um centro de diversão em particular para os turistas americanos - mas um pesadelo para trabalhadores e camponeses. Em 1950/54, a renda per capita de Delaware, o estado mais próspero dos Estados Unidos, era de 2279 dólares, enquanto que em Cuba, chegava apenas a 312, quer dizer, 6 dólares por semana.   Inclusive no Mississipi, o estado mais pobre dos Estados Unidos, a renda per capita situava-se em 829 dólares. 54% da população rural de Cuba não tinha nenhum tipo de instalação sanitárias em suas moradias, e doenças como a malária, a tuberculose e a sífilis eram endêmicas.

           A taxa de analfabetismo era de 25%, similar à taxa de desemprego - um para quatro. Havia menos crianças nas escolas, proporcionalmente nos anos 50 do que nos anos 20. No entanto, Havana em 1954 possuía mais cadilacs que qualquer outra cidade do mundo !

           Ao mesmo tempo, a terra encontrava-se concentrada em poucas mãos, em grande latifúndios: 114 latifúndios, menos de 0,1% das propriedades, ocupavam 20,1% do território. 8% do total das propriedades ocupavam 71,1% enquanto que, por outro lado, 39% das unidades agrícolas constituíam-se de pequenas explorações dos camponeses com menos de meio hectare, ocupando apenas 3,3% da terra.

COMO OS EUA PASSOU A CONTROLAR CUBA? ?

          As ilhas de Cuba e de Porto Rico, situadas no Caribe, eram os últimos vestígios do império espanhol no continente americano. Findava o século XIX e a rica e estratégica ilha de Cuba ainda não havia conseguido obter sua independência. A guerra contra o domínio espanhol iniciada por José Martí em 1895 se arrasta até 1898 quando recebe o apoio dos EUA.

          Em 19 de maio de 1898 a esquadra americana, pôs a pique o que restava da força naval espanhola na Baía de Santiago. A fuga do almirante Cervena a nado encerrava com um melancólico epitáfio, o domínio espanhol na região, domínio que se estendera por mais de quatrocentos anos desde a chegada da esquadra de Colombo em 1492. Pouco mais de cem dias após a declaração de guerra, o Presidente McKinley dos EUA ditava a paz com a Espanha, em 30 de julho. Posteriormente, pelo Tratado de Paris, a Espanha renunciava a Cuba, Porto Rico e Filipinas. O velho império espanhol cedia seu lugar ao novo imperialismo


O IMPERIALISMO NORTE AMERICANISTA E A AMÉRICA

           Fundamentalmente essa questão começa com um conjunto de políticas aplicadas no processo histórico de construção e consolidação da Nação norte americana. Vamos rever três peças fundamentais desse processo:
  1)         A chamada Doutrina Monroe foi enunciada pelo presidente estadunidense James Monroe (1817-1825) em sua mensagem ao Congresso em 2 de dezembro de 1823.
O seu pensamento consistia em três pontos:
  • a não criação de novas colônias nas Américas;
  • a não intervenção nos assuntos internos dos países americanos;
  • a não intervenção dos Estados Unidos em conflitos relacionados aos países europeus como guerras entre estes países e suas colônias.
           A Doutrina reafirmava a posição dos Estados Unidos contra o colonialismo europeu, inspirando-se:

======>   Na política isolacionista de George Washington, segundo a qual "a Europa tinha um conjunto de interesses elementares sem relação com os nossos ou senão muito remotamente" (Discurso de despedida do Presidente George Washington, em 17 de Setembro de 1796).
======> E desenvolveu o pensamento de Thomas Jefferson, segundo o qual: "a América tem um Hemisfério para si mesma", o qual tanto poderia significar o continente americano como o seu próprio país, daí  surge o famoso slogan “América para os americanos”, lembrem-se que americanos somos todos nós, mas na prática, esse slogan reafirmava o interesse geopolítico dos EUA.

2)           O Big Stick (grande porrete) foi uma frase de efeito usada para descrever o estilo de diplomacia empregada pelo presidente norte-americano Theodore Roosevelt, como corolário da Doutrina Monroe, a qual especificava que os Estados Unidos da América deveriam assumir o papel de polícia internacional no hemisfério ocidental.
             Roosevelt pegou o termo emprestado de um provérbio africano, "fale com suavidade e tenha à mão um grande porrete",  implicando que o poder para retaliar estava disponível, caso fosse necessário. Roosevelt utilizou pela primeira vez esse slogan na Feira Estadual de Minnesota, em 2 de Setembro de 1901, doze dias antes que o assassinato do presidente William McKinley o arremessasse subitamente na presidência.

             Assim, somente eles, os EUA, deveriam assumir o papel de polícia no continente Latino-Americano. As intenções desta diplomacia eram proteger os interesses econômicos dos Estados Unidos na América Latina(nem que seja a força).A partir dai os EUA declararam a América Latina seu quintal. Isso levou à;
  • Diplomacia do Dólar(domínio econômico).
  •  Diplomacia das canhoneiras(ameaça de invasão).
   3)          Esse modelão irá vigorar até a crise de 29 sendo substituído oficialmente pela “Política de Boa Vizinhança” que será instaurada logo após a segunda grande guerra mas foi iniciada ainda nos finas da década de 30 do século XX. Levada a cabo pelo presidente Franklin Delano Roosevelt  que:
  • ======>  Era sobrinho do Theodore Roosevelt, foi eleito em 32 assumiu no início de 1933 e foi reeleito por elevada margem de votos em 1936, 1940 e 1944. Foi o presidente que governou por mais tempo os EUA. 
             A "Política de Boa Vizinhança" foi uma verdadeira revolução nas relações dos Estados Unidos com os demais parceiros do continente americano. O empenho público anunciado pela  administração democrata de Roosevelt, que doravante descartaria o uso da força para resolver os possíveis conflitos com os países latino-americanos foi o mais saudável passo dado pelos Estados Unidos no reconhecimento deles como países independentes a serem respeitados, e não humilhados, mas ao mesmo tempo, investe maciçamente em uma política de dominação cultural principalmente na década de 40 do sec XX, e numa política de empréstimos econômicos que irá produzir a aceitação dos regimes militares apoiados e defendidos pela política externa norte americanista nos anos vindouros.

AQUI TEMOS UM EXEMPLO ESPECÍFICO DA ATUAÇÃO DA DOUTRINA MONROE E DA DOUTRINA DO BIG STICK SOBRE CUBA
 
           A Emenda Platt, aprovada pelo Congresso dos Estados Unidos e assinada pelo Presidente McKinley em Março/1901, conferia aos norte-americanos o direito de intervir na ilha em determinadas circunstâncias além de supervisionar os seus tratados internacionais, a política económica e de assuntos internos. Ainda nos termos desta clausula, Cuba cedia aos Estados Unidos, as bases navais de Baía Honda e Guantánamo.
Resumidamente, os pontos essenciais da Emenda Platt eram os seguintes:
  1. 1º- Cuba não celebrará qualquer tratado ou pacto que tenda a fragilizar a independência da República.
  2. 2º- O governo cubano não poderá contrair dívidas públicas.
  3. 3º- O governo cubano confere aos EUA o Direito de Intervenção para a preservação da independência e manutenção de um governo adequado à protecção da vida, propriedade privada e cumprimento das obrigações impostas pelos EUA a Cuba.
  4. 4º-Todos os actos realizados pelos EUA durante a ocupação serão ratificados e considerados válidos, bem como todos os direitos adquiridos.
  5. 5º- O governo da República de Cuba executará o saneamento da população, com a finalidade de evitar doenças epidémicas e infecciosas, protegendo desta forma o comércio e o povo de Cuba, tal como o comércio e o povo da parte Sul dos EUA.
  6. 6º- A Ilha dos Pinos fica fora dos limites de Cuba propostos pela Constituição, deixando-se para um futuro tratado a fixação da sua presença.
  7. 7º- Para garantir aos EUA condições que lhes permitam assegurar a independência de Cuba e protecção do seu povo, o governo cubano venderá ou arrendará aos EUA as terras necessárias para a extracção de carvão ou estações navais.
              Desta forma, prática e teoricamente, Cuba passou a ser um protectorado dos E.U.A, até 29/Maio/1934, ano em que a Emenda Platt é revogada e substituída por um Tratado de Reciprocidade, pelo qual renunciam ao direito de interferir nos assuntos internos de Cuba, mas vendo confirmados os seus direitos sobre a base de Guantánamo por um período de 99 anos, arrendada por 4.085 dólares/ano. Era então presidente de Cuba Fulgencio Batista e Franklin Delano Roosevelt nos EUA.

           COMO SE DESENVOLVE A DINÂMICA DA REVOLUÇÃO CUBANA
          Quando o ditador Fulgêncio Batista, sem mais condições de manter-se no poder, renunciou durante o reveillon de 1959 e, secretamente, fugiu de Cuba para a República Dominicana, não foi só o seu governo que caiu. Todo o Estado cubano se havia desintegrado e 1959 tornou-se um ano realmente novo. Dias depois, centenas de guerrilheiros barbudos, grande parte de guajiros ---> (trabalhadores do campo), sujos, uniformes rasgados, entraram em Havana, sob o comando de Fidel Castro, Ernesto Che Guevara e Camilo Cienfuegos. Era o clímax de uma epopéia, iniciada por apenas 16 sobreviventes, dos 82 que desembarcaram do iate Granma, no litoral de Cuba, em 2 de dezembro de 1956. Fidel Castro tinha então 25 anos e, durante dois anos, comandou a guerra de guerrilhas, juntamente com seu irmão Raúl Castro, Che Guevara e Camilo Cienfuegos, organizando o Exército Rebelde, que destruiu a ditadura dos sargentos Fulgêncio Batista, respaldada pelos Estados Unidos.
          A revolução cubana foi o fato político mais poderoso e o que maior impacto causou na América Latina, ao longo do século XX, não por causa do seu caráter heróico e romântico ou porque o regime implantado por Fidel Castro evoluiu posteriormente para o comunismo, mas porque ela exprimiu dramaticamente as contradições não resolvidas entre os Estados Unidos e os demais países da região
                        A QUESTÃO DA REVOLUÇÃO COM O COMUNISMO
          Não foram os comunistas que promoveram a revolução cubana, no contexto da na Guerra Fria. Conquanto alguns de seus líderes, como Ernesto Che Guevara e o próprio Fidel Castro, em pequena medida, acolhessem idéias marxistas, eles não pertenciam a nenhum partido comunista e não era inevitável que a revolução cubana se desenvolvesse a tal ponto de identificar-se com a doutrina comunista e instituísse a sua forma de governo. Com razão, o historiador Thomas Skidmore, da Brown University, apontou Cuba como ''um estudo clássico do fenômeno nacionalista'', acrescentando que "o povo podia ver o caráter autoritário do regime", mas  o real apelo do regime de Castro era o nacionalismo. Com efeito, a revolução cubana foi autóctone, teve um caráter nacional e democrático, e a implantação de um regime segundo o modelo dos países do Leste Europeu resultou de uma contingência histórica, não de uma política empreendida pela União Soviética, ma, sim, empreendida pelos Estados Unidos que, sem respeitar os princípios da soberania nacional e autodeterminação dos povos, não aceitaram os atos da revolução, como a reforma agrária, e transformaram contradições de interesses nacionais em um problema do conflito Leste-Oeste.
                                          OS PROCESSOS DA REVOLUÇÃO
           Contra a ditadura de Batista formou-se uma oposição, na qual se destacou o jovem advogado Fidel Castro que, em 26 de julho de 1953, atacou o quartel de Moncada, com um grupo de companheiros. O ataque fracassou e foram todos encarcerados, mas o ditador anistiou os rebeldes em 1955.
          Fidel, impossibilitado de agir devido à rigorosa vigilância policial, procurou exílio no México, onde reorganizou suas forças. No final de 1956, retornou à Cuba no barco Granma, juntamente com aquele que iria ser o seu maior aliado, Ernesto Che Guevara, carregado de armas para iniciar o confronto militar com Batista. Novamente o plano fracassou e Fidel teve que se refugiar com os companheiros em Sierra Maestra, de onde começaram as operações guerrilheiras. Essas operações tornaram-se cada vez mais organizadas e o movimento guerrilheiro cresceu em força e apoio popular enfrentando o poder do ditador. A selvagem repressão desencadeada por Batista aumentou sua impopularidade a tal ponto que, em 1958, os Estados Unidos acabaram suspendendo a venda de armas para o ditador. Em 8 de janeiro de 1959, depois de uma bem-sucedida greve geral, Batista foi derrubado e as tropas de Fidel entraram em Havana.

======> Manuel Urritia Manzano, moderado opositor do regime Batista, ocupou a presidência, e Fidel foi indicado primeiro-ministro. Alguns membros do Movimento 26 de Julho – nome da organização político-guerrilheira chefiada por Fidel – também ocuparam cargos ministeriais.
---------------------------> A RADICALIZAÇÃO

  • O fuzilamento dos inimigos da revolução (o famoso paredón);
  • as reformas urbanas que obrigaram a baixar os preços dos aluguéis;
  • a reforma agrária, de profundidade sem paralelo na América;
          Essas manifestações de radicalismo começaram a inquietar os moderados e, no plano externo, o governo dos Estados Unidos. A resistência do presidente Urritia à radicalização levou Fidel a demitir-se em julho de 1959. Essa atitude suscitou a mais viva manifestação a favor de Fidel e levou, por sua vez, à renúncia de Urritia, que foi substituído por Osvaldo Dorticós Torrado. Fidel voltou a assumir o posto de primeiro-ministro.
           A adesão dos comunistas à revolução, embora tardia, fez com que às audaciosas medidas do novo governo fossem interpretadas como de origem e inspiração comunista, o que não era verdade. De qualquer forma, serviu para encaixar o governo castrista no esquema da guerra fria: se o novo regime não era pró-capitalista, então só podia ser comunista. Essa foi a conclusão dos conservadores e moderados.

          Em 1961, com John Kennedy, os Estados Unidos romperam as relações diplomáticas com Cuba e Kennedy autorizou a invasão militar do país pelos exilados cubanos treinados por militares norte-americanos. No dia 17 de abril de 1961, com apoio aéreo dos Estados Unidos, os contra-revolucionários desembarcaram na praia de Girón, na baía dos Porcos, mas foram derrotados em 72 horas. O episódio esgota a relação diplomáica entre os EUA e Cuba definitivamente. Cuba se aproxima da URSS.

CONCLUSÃO:
          Com a Revolução Cubana O povo foi ao centro da cena histórica e 45 anos depois muitos problemas ainda continuam, mas o fator desigualdade não é crescente, assim como não há a exploração da hegemonia estrangeira de do homem pelo homem.

 O resumo acima foi organizado através das seguintes FONTES DE PESQUISA
[Artigo tirado da 'Agência de Informação Frei Tito para a América Latina (ADITAL)'

http://www.galizacig.com/actualidade/200401/adital_a_revolucao_cubana_completa_45_anos.htm

http://redalyc.uaemex.mx/pdf/937/93701204.pdf

http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2008/03/414650.shtml

http://super.abril.com.br/cotidiano/se-cuba-houvesse-sido-anexada-pelos-americanos-444593.shtml

http://pt.shvoong.com/humanities/history/488324-emenda-platt/



ATENÇÃO VESTIBULANDOS !!!!! e TERCEIRANISTAS !!!

          As inscrições para o vestibular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo, estão abertas a partir desta segunda-feira 23 agosto e vão até 8 de outubro. O formulário de inscrição está disponível no site www.comvest.unicamp.br. A taxa de inscrição custa 120 reais.


O Kit do Vestibulando (Manual do Candidato e Revista do Vestibulando) é gratuito e fica disponível para consulta e impressão na página eletrônica da Comvest também a partir desta segunda-feira.

A partir deste ano, na primeira fase, o candidato deverá escrever três textos de gêneros diversos. O número de questões passará de 12 dissertativas para 48 de múltipla escolha. Sendo 12 questões de Matemática; 18 de ciências humanas e artes; e 18 de ciências da natureza.

A segunda fase passará a ser realizada em três dias e não mais em quatro dias. Serão aplicadas três provas de 24 questões dissertativas. No 1º dia, haverá 12 questões de língua portuguesa e de literaturas da língua portuguesa e 12 questões de Matemática; 2º dia - 18 de ciências humanas e artes e 6 de língua inglesa; 3º dia - 24 questões na área de ciências da natureza.

A duração da prova da primeira fase passará de quatro para cinco horas. Já a duração da segunda fase está mantida em quatro horas a cada dia de prova.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

SENTIDOS


"SE NÃO SOUBERMOS
ONDE VAMOS,
JÁ NÃO SABEREMOS
ONDE ESTAMOS."

(Bachelard,Gaston.A poética do espaço.
São Paulo,Martins Fontes. 2003.p.191)
                                                                              
                                                                                                                       
                                                                                      ( macrofotografia de plantas de matinhos de quintal)

FILOSOFIA MEDIEVAL

                                                             AGOSTINHO X AQUINO
( OBS:  Conteúdo recomendado para as segunda e terceira série do Ensino Médio.)

Há quem defina a Filosofia Medieval como:

“uma tentativa prolongada para incluir harmoniosamente Platão, Aristóteles e o Cristianismo numa mesma perspectiva”. (MAGEE, Bryan – História da Filosofia)

          "Se entendermos a filosofia medieval neste sentido evidentemente lato, a sua interpretação poderá ser-nos útil dado não estamos delimitados às limitações cronológicas que simbolizam as quedas do Império Romano quer no ocidente, quer no Oriente. O Cristianismo pode ser considerado o mote do poema que constitui toda a idade média. Se nos restringirmos aos critérios que balizam a idade média entre os anos 476 e os anos 1453, corremos o risco de considerar Santo Agostinho um pensador exclusivamente clássico. Ora, como sabemos o cristianismo foi também a pedra angular do pensamento deste autor. Por isso, consideramos como essenciais para a caracterização da idade média, o cristianismo e, como veremos, o Aristotelismo e o Platonismo que esquecidos por longos séculos vêm trazer uma nova aragem ao pensamento que se desenvolvia por volta do século XII.

          Devido à subsequente ascensão da ciência, a filosofia medieval tem sido injustamente negligenciada nos séculos mais recentes, com a excepção dos eruditos católicos romanos. Como veremos ela merece uma atenção cuidadosa. "
A filosofia medieval parece dividir-se em dois grandes períodos: a patrística e a escolástica.


          A Patrística é a designação atribuída à filosofia elaborada pelo Padres da Igreja, ou seja, os pais fundadores de grande parte da teoria cristã. Os Padres da Igreja, foram autores cristãos dos primeiros séculos da nossa era, considerados de grande importância, em matéria de fé, para o cristianismo. A princípio, os Padres da Igreja, usaram conceitos retirados do estoicismo e do platonismo anterior a Plotino.

          Entre os Padres da Igreja destaca-se a figura de Santo Agostinho: foi considerado o doutor do Ocidente e é, sem dúvida, um dos pilares fundamentais da filosofia cristã. Gregório Magno e Boécio são outros nomes que também influenciaram a forma do pensamento ulterior.
  •  Para Gregório------->  a fé responde às interrogações religiosas, enquanto a ciência trata das questões da natureza.
  • Anício Mânlio Severino Boéci--------> autor da Consolação da Filosofia, é considerado como o último pensador romano e o primeiro escolástico. Esse filósofo através de seu pensamento  representa a passagem da Antiguidade à Idade Média.
          A Escolástica era essencialmente uma palavra usada para designar os professores que ensinavam as sete artes liberais – gramática, dialética, retórica, aritmética, geometria, música e astronomia – nas escolas catedralícias ou monacais fundadas por Carlos Magno.

          A filosofia escolástica iniciou-se no século IX com o renascimento carolíngio e prolongou-se até finais do século XV. A idade do ouro da escolástica teve lugar entre os anos 1200 e 1340. Este período de ouro caracterizou-se pela:
  •  descoberta da totalidade da obra de Aristóteles;
  • pelo nascimento das universidades;
  • pelo nascimento das ordens mendicantes.      
As características deste sistema filosófico podem resumir-se em três pontos
  • O primeiro corresponde à tentativa de união entre a ciência e a fé: as questões filosóficas encontravam resposta através da razão, e sobretudo da fé. A disputa entre estes dois domínios era o tema de discussão principal.
  • O segundo refere-se à decisiva influência de Aristóteles, cuja linguagem técnica foi utilizada.
  • O terceiro ponto relaciona-se com o método escolástico que consistia na leitura pública de um livro, e na realização de uma discussão sobre essa leitura.
           O método escolástico era concluído com uma autoridade ou sentença, que se baseava na Sagrada Escritura, na patrística ou nos concílios. Não podemos dizer, no entanto, que haja uma doutrina que defina a escolástica. A dialética era o meio mais poderoso para o método da discussão. A arte dialéctica consiste em raciocinar através de diálogos sobre um tema proposto, fazendo uso da lógica. Era utilizada enquanto técnica ou procedimento metódico. A lógica de Aristóteles foi fundamental para o seu desenvolvimento.

          Durante esta época surgiu um confronto entre dialéticos e antidialéticos:
========>   Os dialéticos construíam os seus diálogos baseando-se unicamente na filosofia e partiam da razão como único fundamento da verdade.
                                                                           X
========>   Os antidialéticos subordinavam tudo à teologia e só admitiam o uso da filosofia se estivesse submetida à teologia."

LEMBREM-SE QUE EM NOSSAS ÚLTIMAS AULAS NOS DETIVEMOS NO CONTEXTO METAFÍSICO DE AQUINO E ARISTÓTELES PARA EXPLICAR "AS COISAS"

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

TOTALITARISMO E AUTORITARISMO

                    COMPARAÇÃO ENTRE TOTALITARISMO E AUTORITARISMO

Esse conteúdo atende aos alunos do Nono Ano do Ensino Fundamental e Terceiro do Ensino Médio

          Os movimentos totalitários e autoritaristas são um fenômeno das sociedades de massa por isso se inserem no contexto da década de 20 e 30 do início do século XX. É importante assinalar, porém, que totalitarismo e autoritarismo se referem, na Ciência Política atual, a uma categoria de análise mais geral denominada sistemas hierárquicos, ou seja, todos aqueles sistemas em que o poder deriva mais ou menos de uma cúpula (no limite, de um líder) ou de grupos de elite. Há, no entanto, diferenças notáveis entre os dois termos que precisam ser esclarecidas.
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                                                            O TOTALITARIMO:No sentido original:





          “Totalitários” seriam aqueles sistemas de governo que tentariam conformar os cidadãos dentro de uma ideologia, para isso fazendo uso de mecanismos de controle e coação, e, ao mesmo tempo, buscariam mobilizá-los (Jesse, 1996, p. 12).

Pode-se falar de totalitarismo como:

  • um movimento de massas, de tendência centralizadora, conduzido autoritariamente por uma minoria política através do monopólio da autoridade e do Estado.

• Um movimento que realiza a expansão do controle governamental sobre a globalidade da vida social.

• uma ideologia elaborada, composta de uma doutrina oficial que abrange todos os aspectos vitais da existência humana.

O termo totalitarismo surge no século XX para descrever as experiências nazistas, fascistas e stalinistas que tiveram em comum:

• o Estado enquanto monopolizador da expressão da verdade, criando, assim, uma verdade oficial;

• negação da pluralidade de pensamento;

• censura política e imposição do partido único;

• controle de todas as atividades da sociedade pelo Estado;

• monopólio, pelo Estado, dos meios de comunicação de massa e seu uso como instrumento de dominação;


No totalitarismo, o controle do Estado se exerce através de duas armas fundamentais:

                             • a propaganda política;

                             • o estabelecimento do terror.

 propaganda se torna eficaz através:

          (a) da simplificação das mensagens, transformadas em palavras de ordem ou slogans;

          (b) da desfiguração grosseira dos fatos;

          (c) da busca de unanimidade, pela supressão da diferença;

          (d) do uso repetitivo dos temas de interesse nos meios de comunicação de massa.


O terror é estabelecido através:

               (a) da atomização dos indivíduos;

               (b) do extermínio físico, social, cultural e moral dos "inimigos objetivos";

               (c) do clima de espionagem e suspeita de todos sobre todos;

               (d) da instituição da polícia secreta.
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                                                             O AUTORITARISMO
          O autoritarismo é um neologismo da Ciência Política do final do século XIX e recentemente se refere a um fenômeno típico de países de desenvolvimento econômico retardatário,(em desenvolvimento ou pobres) onde as regras do jogo político são dadas por elites tradicionais( como as oligarquias) ou por elites modernizantes, em colaboração com poderes extranacionais.

          Enquanto nas formas totalitárias de governo o componente político e a chamada à participação das massas é algo central, organizado e dirigido, nos regimes autoritários tal situação é oposta.

No autoritarismo:

• Há poucos ou muitos partidos políticos, não importa, porque estes atuam de forma burocratizada e de cima para baixo.

• Geralmente florescem no seio de uma escassa participação popular;

• As elites se legitimam pela inércia e passividade, conformismo e apatia das massas.

• A mentalidade dominante é diluída, inerte e rotineira. (Deixa estar,para ver como fica)

• Há um deliberado relaxamento de supervisão e controle sobre as atividades não-políticas dos cidadãos;

          A idéia básica é que regimes militares, como os do Brasil, Chile e Argentina, durante os anos 70, merecem a qualificação de “autoritários”, porque repressivos e antidemocráticos, mas não “totalitários”, porque não pretendiam, como o nazifascismo e o comunismo, impor normas a todos os aspectos da vida social.

          Tomando por base algumas considerações propostas por Eckhard Jesse, podemos apontar os seguintes aspectos para diferencir e comparar o TOTALITARISMO de AUTORITARISMO:

• Um sistema totalitário se diferencia por uma centralização rígida de poder, enquanto um sistema autoritário ainda asseguracerto pluralismo, mesmo que limitado;

• um sistema totalitário tem por base uma ideologia exclusiva, enquanto um sistema autoritário se fundamenta numa postura tradicional não-conformada rigidamente;

• enquanto um sistema totalitário força a mobilização das massas através de mecanismos de integração e de persuasão, um sistema autoritário renuncia a uma participação dirigida das massas, satisfazendo-se com a apatia política geral (cf. Jesse,1996, p. 20).
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Pesquisa e fundamentos para organização do resumo foram retirados das seguintes fontes:

- Revista Eletrônica Literatura e Autoritarismo, nº 14 – Julho-Dezembro 2009 – ISSN 1679-849X

http://w3.ufsm.br/grpesqla/revista/num14/

- http://www.ifl.pt/main/Portals/0/dic/totalitarismo.pdf

- http://br.monografias.com/trabalhos2/exterminio-violentacao-banalizacao/exterminio-violentacao-banalizacao.shtml

- http://grito-verde.blogspot.com/2008/01/chau-e-o-totalitarismo.html

Citações de: JESSE, Eckhard. Die Totalitarismusforschung im Streit der Meinungen. In: JESSE, Eckhard (Org.). Totalitarismus im 20. Jahrhundert. Eine Bilanz der internationalen Forschung. Bonn: Bundeszentrale für politische Bildung, 1996, p. 9-39.

SCANTIMBURGO, João de. O mal na História: os totalitarismos do século XX. São Paulo: LTr, 1999.

TRAVERSO, Enzo. Le Totalitarisme. Le XX ème siècle em debát. Paris: Seuil, 2001.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Os 61 anos da Revolução Chinesa

           Podemos situar a Revolução Russa como matriz ideológica dos movimentos de Libertação Nacional do Século XX, influenciando os movimentos com  sua identidade ideológica e sua mobilização soial.

          Em 2009 completou-se cinco décadas do triunfo da Revolução Cubana e seis da Revolução Chinesa esse tempo permite ao historiador, realizar  reflexões que abragem uma dinâmia maior de foco e uma análise  mais completa  desses fatos.

          Embora essas duas Revoluções tenham ocorrido em sociedades completamente distintas e em diferentes continentes, indiscutivelmente esses dois processos revolucionários inscreveram-se dentro de um movimento revolucionário mais amplo, marcado pela resistência dos povos oprimidos da Ásia, África e América Latina diante do Imperialismo, e dessa forma tiveram como referência social, e inspiração, a grande Revolução Russa de Outubro de 1917.

                     LEMBREMOS A REVOLUÇÃO RUSSA

          Após assumir o poder, os bolcheviques tiveram que enfrentar uma terrível Guerra Civil que se estendeu até 1920 contra as tropas contra-revolucionárias do Exército Branco”, apoiado por tropas britânicas, francesas, estadunidenses, japonesas, polonesas, sérvias, gregas e romenas. No momento mais desesperador dessa guerra, os bolcheviques chegaram a controlar apenas uma estreita franja de terra – sem saída para o mar – no centro e norte da Rússia. A vitória do “Exército Vermelho” somente foi possível em decorrência do apaixonado apoio das massas de camponeses e operários à causa bolchevique.

          Consolidados no poder após a vitória na Guerra Civil, os comunistas russos assumem uma tarefa ainda mais assombrosa: reconstruir e modernizar um país economicamente atrasado, predominantemente agrário e destruído pela guerra. A burguesia russa havia sido incapaz de cumprir o seu papel histórico e desenvolver plenamente as forças produtivas de seu país. Agora, paradoxalmente, uma outra classe social teve de incumbir-se das tarefas não realizadas pela burguesia.

          O rubro eco da Revolução Bolchevique e da conseqüente formação do primeiro Estado Operário – a URSS – alcançou os trabalhadores de todo o mundo. O caráter dual da antiga sociedade russa, ao mesmo tempo européia e asiática, desenvolvida e atrasada, colonialista e colonial, contribuiu para que o exemplo da revolução ocorrida naquele país influenciasse tanto a classe trabalhadora dos países capitalistas avançados quanto a dos povos coloniais. No que tange a estes últimos, a ampla divulgação dos escritos teóricos dos bolcheviques, particularmente a apaixonada defesa de Lênin quanto ao direito à autodeterminação das nacionalidades oprimidas, além da obra “O Imperialismo: fase superior do capitalismo”, forneceram parte do instrumental teórico básico para os nascentes movimentos de libertação nacional da Ásia, África e América Latina.

A REVOLUÇÃO CHINESA
          A maior e mais bem estruturada sociedade da antiguidade teve a sua estabilidade social abalada diante da penetração comercial da Europa no século XIX. Nos dizeres de Marx e Engels: os
 “preços baixíssimos das suas mercadorias são a artilharia pesada com que deita por terra todas as muralhas chinesas”.

ANTECEDENTES:
           A partir de 1860, a China mergulhou num período de caos social, conflitos políticos internos e ameaças de invasão militar estrangeira. Todas as tentativas de salvar o sistema imperial não tiveram êxito.
  •  O poder dos imperadores foi enfraquecendo.
  • A nobreza fundiária reagiu à crise do império dissociando-se  dos imperadores. 
  • Essa nobreza construiu suas próprias bases de poder político e econômico de âmbito regional, estimulando ainda mais a tendência centrífuga de fragmentação do poder central.
          A cobrança e transferência dos impostos e tributos sobre a terra e sobre a circulação de mercadorias, bem como a influência sobre os camponeses escaparam quase que por completo do controle do poder central. A exploração das massas camponesas pelos senhores rurais aumentou consideravelmente.
  • Os camponeses perderam os direitos tradicionais, que lhes garantiam proteção com base nos padrões de dignidade prevalecentes nos códigos morais da época.
  • O crescente descontentamento dos camponeses desencadeou inúmeras revoltas no campo, todas eficazmente exploradas pelos revolucionários comunistas, que ganharam influência contribuindo diretamente para elevar a tensão social e provocar mais divisão das forças políticas nacionais. 
          Os senhores rurais e os pequenos comerciantes reagiram à crise do sistema imperial coligando-se entre si a partir de seus interesses regionais. Para garantir o poder em determinada região, as elites rurais formaram exércitos locais.

           Foram essas desvantagens frente aos impérios coloniais do século 19, somadas a instabilidades internas causadas por rebeliões camponesas, que deixaram o país suscetível a interferências de nações imperialistas. Após a primeira Guerra do Ópio (1840), contra a Inglaterra, o país foi praticamente retalhado em colônias inglesas, francesas, alemãs, japonesas e americanas.


                      SURGEM AS REVOLTAS CAMPONESAS

           O clima de revolta contra os estrangeiros e os senhores feudais incentivou levantes populares como a Revolução Celestial Taiping (1851-1864) e as rebeliões dos Nain (1851) e dos Boxers (1900-1901). O sentimento anticolonialista entre os camponeses - que, correspondendo a 80% da população, eram a grande força militar do país - foi canalizado na formação do Kuomintang (Partido Nacionalista Chinês). O partido foi criado por Sun Yat-sen (1866-1925), que proclamou a República entre 1911 e 1912.

           A proclamação da República, em 1911, representou a formalização de uma situação político-institucional que já existia de fato: ou seja, o declínio do poder imperial. Porém, nas duas décadas seguintes, as classes dominantes chinesas foram incapazes de se aliar para formar um governo de unidade nacional.
 Nesse contexto,os NACIONALISTAS  representados  pelo  Kuomintang (Partido Nacionalista Chinês) criado por Sun Yat-sen (1866-1925), proclamou a República,  mas a sociedade chinesa ainda ficou profundamente dividida e entrou numa fase de desagregação ainda mais intensa, que perdurou até a Revolução Comunista de 1949.

           Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a China se aliou à Inglaterra e à França contra a Alemanha e o Japão, esperando com isso rever sua condição de dependência colonial. Contudo ao final da guerra, o Tratado de Versalhes (1919), conferiu ao Japão o direito de posse das concessões alemãs em território chinês. Revoltados contra o fracasso da diplomacia do governo chinês, estudantes promoveram manifestações em Pequim que se espalharam pelo país, conhecidas como Movimento 4 de Maio. Os jovens também criaram, sob influência da Revolução Russa de 1917, o Partido Comunista Chinês (PCC), em 1921.

           No início, o PCC e o Kuomintang eram aliados contra os senhores da guerra (que foi a denominação dada aos proprietários rurais que haviam formado exércitos regionais para manter o controle político e econômico nos seus respectivos domínios territoriais). e as potências colonialistas.

           Essa aliança  mudou com um golpe militar, em 1927 de Chiang Kai-shek (1887-1975), sucessor de Sun Yat-sen na liderança do Partido Nacionalista. Contando com um exército poderoso, Chiang Kai-shek conseguiu estabelecer, em 1927, controle sobre a maior parte do território da China e estabelecer um poder central que ficou sob a liderança do Kuomintang. Não obstante, na China daquele período, qualquer programa político de unificação nacional que pretendesse ser estável e duradouro dependia de um amplo consenso entre as classes sociais, que estavam em conflito latente diante de seus interesses profundamente divergentes.


           Os comunistas se refugiaram no campo, onde organizaram a luta armada e o Exército Vermelho para combater os nacionalistas. O PCC estabeleceu ali um modelo de guerrilha rural seguido, por exemplo, pelos comunistas brasileiros na Guerrilha do Araguaia (1972-1975).
          Nessa época, Mao Tse-Tung dirigia uma escola de quadros para o movimento camponês no sul da China. Ainda no final de 1927, organizou um levante em Hunan, duramente reprimido pelas tropas do Kuomintang. Refugiou-se nas montanhas de Jinggang, próximas à província de Jiangxi, onde conseguiu agrupar as tropas fiéis aos comunistas, organizando os Soviets de Jiangxi.

           Expulsos das cidades, os comunistas estabelecem profundos laços políticos com o campesinato. Os Soviets de Jiangxi passaram a ser o centro da resistência comunista e conferiram a Mao Tse-Tung uma posição de destaque. Entretanto, as bases comunistas em Jiangxi estavam sob constante fogo inimigo. Suportaram quatro campanhas de cerco e aniquilamento movidas pelas tropas do Kuomintang. Em 1934 foi organizada uma quinta campanha, com mais de um milhão de soldados apoiados por artilharia e aeronaves. Diante dessa ofensiva, não restou outra alternativa à liderança comunista senão a de efetuar uma retirada estratégica. Esse episódio ficou conhecido como A Longa Marcha, uma retirada de cerca de 10 mil quilômetros até o noroeste da China, efetuada sob perseguição e fogo inimigo. Dos aproximadamente 100 mil soldados vermelhos que iniciaram a marcha, somente cerca de 9 mil conseguiram atingir Yan´nam um ano depois.
            A guerra civil entre nacionalistas e comunistas se estendeu até 1935, com a vitória do Kuomintang e a perda de 90% do efetivo do exército comunista durante a Grande Marcha. Essa guerra civil sofre um revés.
          O Japão, que já ocupava o norte da China (Manchúria) desde 1931, iniciou a invasão da maior parte do restante do território chinês em 1937. Iniciou-se assim uma nova fase da história chinesa: a de Guerra de Resistência contra o Japão (1937-45). A atitude das tropas do Kuomintang e a dos comunistas em face dessa invasão foram diametralmente opostas. Enquanto o Exército Popular de Libertação (comunista) sustentava uma decidida resistência ao invasor sob a forma de guerra de guerrilhas, o exército do Kuomintang assumia uma postura contemplativa ou até mesmo de colaboração diante dos japoneses. Essa atitude refletia os interesses da classe dominante chinesa, que preferia o domínio japonês aos comunistas. A partir de então, aos olhos do povo, os comunistas passaram a ser vistos como os mais verazes defensores da nação chinesa, e o termo Hanjan – traidor da China – deixou de ter uma conotação exclusivamente patriótica, passando a ter também um sentido de classe.

            Com a retirada japonesa após o final da II Guerra Mundial, estabeleceu-se um vácuo político que foi rapidamente preenchido pelos exércitos do Kuomintang (que ocuparam todas as cidades) e o Exército Popular de Libertação (que controlava a maior parte das áreas rurais). Tentou-se a formação de um Governo de coalizão, que fracassou devido às exigências feitas pelo Kuomintang de que os comunistas entregassem as armas. A vívida lembrança do massacre de Xangai impediu que os comunistas cometessem tal loucura, o que certamente equivaleria a um suicídio. Em função desse impasse a China mergulhou em uma nova Guerra Civil Revolucionária (1945-49).

           Os comunistas, fortalecidos pela sua brilhante atuação na II Guerra Mundial, rapidamente consolidaram o controle das áreas rurais, colocando a maioria das cidades chinesas sob cerco. Com o tempo esse cerco foi se apertando e nas principais cidades chinesas começaram a ocorrer constantes agitações operárias e estudantis. Paulatinamente as cidades chinesas vão caindo nas mãos dos comunistas e Chiang Kai-Shek foge para a Ilha de Taiwan, onde fundará  a República Democrática Chinesa.

           Em Primeiro de Outubro de 1949 as tropas do Exército Popular de Libertação marcharam vitoriosas. Nesse mesmo dia o camarada Mao Tsé-Tung proclamou a fundação da República Popular da China. Mais de um século transcorreu desde que as antigas estruturas do sistema imperial entraram em crise diante da penetração estrangeira. Muitas décadas se passaram desde que o Império ruiu e mergulhou a China no mais completo caos e guerra civil. Muitos anos se passaram sem que a China tivesse um Governo que exercesse a soberania sobre todo o seu território. Pela primeira vez depois de muitas décadas, o Tiang Ming estava restabelecido. Mas, diferentemente dos governos anteriores, não eram os mandarins imperiais ou títeres de potências estrangeiras que governavam: agora quem estava no poder era o povo.

O SOCIALISMO CHINES
           A construção do socialismo chinês recebeu inicialmente um valioso apoio da URSS. A ajuda soviética veio em forma de assessoramento técnico, científico e, principalmente, financeiro. Entre 1950 e 1956, a assistência soviética contribuiu decisivamente para a recuperação e posterior desenvolvimento da economia chinesa.
           Contudo, nos idos de 1956, a relação política entre chineses e soviéticos ingressou numa fase de conflito, que alterou profundamente os rumos da construção do socialismo na China. Em 1953 morre o dirigente soviético Josef Stálin e Nikita Kruchev assume o poder, em 1956. O novo governante soviético fez severas críticas ao antecessor e promoveu o que se convencionou chamar de "desestalinização".
Junto com a desestalinização, Kruchev idealizou e colocou em prática a "doutrina de coexistência pacífica", que preconizava o caminho pacífico para se alcançar a revolução comunista pelo mundo. Ou seja, a política externa soviética passou a defender estratégias de construção do socialismo sem recorrer à violência revolucionária. Essa postura contribuiu decisivamente para a deflagração de um avassalador "revisionismo" político e ideológico, que atingiu praticamente todos os movimentos e partidos comunistas.

            No início, Mao Tsé-Tung permitiu que o revisionismo aflorasse na China com a Campanha das Cem Flores, que pode ser entendida como a aceitação por parte do Estado da crítica contra o sistema socialista, tanto por parte de ativistas, intelectuais, quadros do PCCh e também do povo em geral. Depois de um brevíssimo período, movimentos de contestação e ondas de protesto irromperam por todo o país, levando Mao a interromper a política de tolerância e liberalização e reprimir violentamente os dissidentes e críticos.
           Além de conflitar com os soviéticos na questão do revisionismo, os chineses criticaram a doutrina de coexistência pacífica, por ela ter levado a URSS a se aproximar das potências capitalistas ocidentais, em particular dos Estados Unidos, estreitando as relações diplomáticas e abandonando a política de enfrentamento.

           Em 1960, a tensão entre a China e a URSS alcançou o clímax. Os soviéticos interromperam o auxílio técnico, financeiro e militar. Os chineses tiveram de contar com seus próprios recursos a fim de seguir na construção do socialismo. Foi neste contexto que a China abandonou o planejamento econômico com base nos Planos Qüinqüenais (1949-1954) e colocou em prática uma nova política de desenvolvimento econômico e social, que foi oficialmente chamada de o Grande Salto para Frente (1958-1960).

O GRANDE SALTO


            O Grande Salto tinha como premissa a mobilização de todos os recursos humanos da China, em particular da massa camponesa, que constituía cerca de 80% da população, a fim de acelerar o desenvolvimento econômico e a igualdade entre todos num curto período de tempo. Ironicamente, porém, o Grande Salto foi um desastre completo, que levou à desorganização da economia chinesa e ao aumento da fome no campo, acarretando a morte de milhões de camponeses.
            O núcleo do projeto desenvolvimentista era a auto-suficiência e a auto-sobrevivência, ou seja, cada vilarejo deveria produzir os alimentos e os bens necessários. A obsessão para atingir metas de produção, porém, levou os dirigentes chineses a dispensarem o conhecimento técnico e o planejamento antecipado, precipitando o surgimento de problemas insolúveis para o país.
            As minas de carvão que se proliferaram por todo o país arruinaram os campos férteis; o cultivo irregular de determinados grãos e alimentos ocasionaram o cansaço do solo; a construção de represas sem o devido planejamento e estudo técnico arruinou os solos, tornando-os imprestáveis para o cultivo; as máquinas agrícolas careciam de peças de reposição, entre inúmeros outros problemas.
            O fracasso do Grande Salto abriu caminho para uma autocrítica por parte de Mao Tsé-Tung e o surgimento de uma dissidência dentro do PCCh. Com apoio de partidários influentes, Liu Shao-chi e Deng Xiaoping assumem a condução dos assuntos internos. Mao Tsé-Tung tem seus poderes diminuídos, mas ainda assim mantém controle sobre o Exército Popular de Libertação. A tentativa de Mao Tsé-Tung de retomar seus poderes resultou na Revolução Cultural (1966-1975).

A REVOLUÇÃO CULTURAL


           A Revolução Cultural começou oficialmente no outono de 1965. Com apoio do ELP, Mao e seus seguidores coordenaram um amplo expurgo que atingiu todas as esferas da vida social, política e econômica. Membros do PCCh, burocratas, políticos, militares e cidadãos comuns foram atingidos por uma onda repressiva.
           A esposa de Mao, Jiang Qing, se transformou na figura dominante nas artes. Chamada de ditadora cultural, Qing exerceu domínio absoluto e determinou o que podia ser escrito, pintado, editado, cantado e exibido nos teatros e cinemas. Muitos cursos universitários foram fechados, professores e diversos profissionais ligados à produção artística perderam seus cargos e foram banidos para o campo.
          Os alvos principais da doutrinação política que permeava a Revolução Cultural foram os jovens, em particular os estudantes de nível médio e universitário. Os jovens foram dispensados das aulas e o Estado providenciou alimento, transporte e alojamento para que percorressem o país, de cidade em cidade, como aguerridos militantes de esquerda.

O Livro Vermelho e a Guarda Vermelha

Usando uma braçadeira vermelha em um dos braços, milhões de jovens formaram a Guarda Vermelha. A base doutrinária para a ação dos militantes era o célebre "Livro Vermelho" de Mao.
            Um dos trechos do livro dizia: "O pó se acumula se um quarto não é limpo com freqüência, nossas faces ficam imundas se não forem lavadas com freqüência. A mente de nossos camaradas e o trabalho de nosso Partido também podem ficar empoeirados e também precisam ser varridos e lavados. O provérbio 'a água corrente nunca fica choca e os vermes nunca roem uma dobradiça' significa que o movimento constante impede a contaminação pelos germes e outros organismos".
            Os militantes da Guarda Vermelha tinham por encargo desfechar a crítica aos revisionistas, aos direitistas, aos burgueses, aos burocratas do Partido e do Estado e até mesmo àqueles que adotavam estilos ocidentais de comportamentos. Além da crítica, eles também humilhavam e castigavam todos que resistiam à doutrinação socialista.
           Durante o período em que a Guarda Vermelha atuou, a sociedade chinesa foi abalada por perseguições, execrações e julgamentos sumários em praças públicas. A Guarda Vermelha cometeu muitas atrocidades e espalhou o terror pela China.